Eu inda num sei iscreve direito, mais gostaria di fazê uma declarasão. É pra uma muié qui gosto dimais e é importante dimais pra mim. Essa muié chama Maria. Ela tem os zóio verde e uma rissada que mostra os dente tudo bunito, tudo arrumadin. Meus amigo diz que a Maria parece um anjin e eu acho tamém.
Quano ela me conheceu, eu era um vergonhoso. Tinha muita timideis, num quiria nem falar meu nome. Aí a Maria pediu pra mim contar uma istória. Ela quiria sabê o qui eu tinha feito no sábado e no dumingo. Contei da misa na igreja, do piquinique no parque e do gol qui fis no jogo do rapadão. Dibrei dois, o Sabino e o Danilo, e dei um xutão, bem no meio do gol. Foi bunito.
Nus outro dia, a Maria mi deu uma foia de papel, branca de tudo. Falou pra mim iscrevê meu nome na foia. Comesei a tremê. Ela mi pergunto si eu sabia iscrevê e falei qui não. Ela deu uma risadinha, mais num tava casoando de mim. Tava querendo mi ajuda. Mi ensino o A, dipois o B, dipois o C e dipois o D. Quando chegô no W eu mi confundi, mais a Maria ixplicou di novo e di novo.
Agora num tenho vergonha de iscrevê assim, errado. Fico felis. Pelo menos eu posso iscrevê essa cartinha pra Maria. Daqui um poco ela vai imbora pra otro lugar. Vai fica longe de mim. Mas inquanto isso, quero diser que ela é importante dimais na minha vida. Sem ela, eu ia ser triste dimais. Ela me insinou e agora eu pego onibus sem ajuda dos otros e leio a receita do médico. Maria mi ajudou a ser diferente.
Brigado Maria, minha profesora querida...
P.S: Carta de um aluno recém-alfabetizado, de 54 anos, escrevendo a primeira carta de sua vida à melhor professora da sua vida. Maria, a primeira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário