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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Rodrigo, o tímido

Devo confessar uma coisa. Sou extremamente tímido. Pode não parecer, mas morro de vergonha em algumas situações. Falar em público, conversar demoradamente com alguém desconhecido, pedir as namoradas para os pais. São algumas das situações que me embaraçam ou já me deixaram desconcertados. Muitos amigos meus são assim. Uns mais, outros menos, mas todos possuem pelo menos uma pontinha de timidez.

Ser uma pessoa tímida conta com suas vantagens e desvantagens. Uma vantagem é você poder manter um certo isolamento, uma relativa privacidade com relação às demais pessoas. Isto impede que detalhes particulares se tornem públicos e desagradáveis. Como desvantagem, aponto a dificuldade de relacionamentos, o que atrapalha aspectos da vida social, profissional e também sentimental. Portanto, a timidez pode ser defendida e atacada, na mesma medida.

Estudei com um rapaz, o Rodrigo. Ele deve ter passado na fila da timidez umas 10 vezes. Tinha vergonha de tudo. De falar na sala de aula, de se levantar para ir ao banheiro, de conversar com o colega de carteira. Incrível!!! Apresentações de trabalhos em grupo, na frente, então, era quase que um martírio para o Rodrigo. Alguns companheiros de classe só ouviram a sua voz lá pelo quarto mês de curso.

Mas um dia o Rodrigo me ensinou uma grande lição. Destas que a gente leva para a vida inteira. Já eram quase 22 horas, numa sexta-feira. Não preciso nem dizer o quanto os alunos estavam loucos para ir embora. Mas a aula seguinte era importante demais, revisão para a prova. Quase todos os estudantes decidiram boicotar a aula. Quase todos, menos Rodrigo. Ele ficou na sala. E ouviu, sozinho, toda a revisão.

Para nossa surpresa, ao abrirmos os e-mails no dia seguinte, lá estava uma correspondência do Rodrigo. Continha todos os textos da revisão, mais as dicas do professor da matéria e outras valiosas anotações do próprio Rodrigo. Creio que a reação de todos, ao receber o e-mail, foi a mesma: surpresa, vergonha e gratidão. Tudo junto.

Foi um tapa em nossas faces. Aquilo rapaz quieto, tímido e até mesmo rejeitado, o Rodrigo, salvou o nosso semestre. No decorrer do curso ele continuou na dele, isolado e sem muita conversa. Mas nós, os populares e sociáveis nunca mais nos esquecemos daquela atitude.

Boa tarde.


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